sábado, 23 de junho de 2012

Ao pó não voltarás

Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (22+23/06/2012)
No começo é como um namoro sem compromisso, você vai “ficando” com ela nos finais de semana sem maiores compromissos ou problemas. Na medida em que a paixão aumenta o final de semana aumenta na mesma proporção e se estende para a sexta, depois para a quinta. Quando você vê, ela já é sua namorada, sua amante fixa e única. Faz parte de sua vida a semana inteira de segunda a segunda e parece que os velhos tempos de namoro aos sábados à noite foram logo ali, mas agora, ela acorda do seu lado e te dá força para você não precisar viver sem ela. Você não vive mais sem ela e com ela sobrevive. Ela te faz sentir o maior dos egoístas, um super-homem, autossuficiente, um mentiroso profissional. Tudo para manter o romance vivo e não ficar longe da “sua amada”. O preço? A sua saúde. O seu nome. A sua família. A felicidade de quem te ama. A sua lucidez. A sua conta bancária. Tudo isso por você ter metido o nariz onde não foi chamado.
A cocaína é uma substância psico-estimulante extraída de uma planta originária da América do Sul popularmente chamada de “coca”. Era considerada uma planta sagrada pelos antigos Incas e quando foi levada para Europa pelos conquistadores brancos passou a ser vendida em farmácias, utilizada como anestésico e tônico. No século XX tornou-se uma substância ilícita devido aos efeitos negativos causados em seus usuários. É normalmente utilizada em forma de pó branco aspirado pelas narinas mas pode também ser usada na forma injetável o que aumenta as chances de contaminação de HIV, por exemplo. Os principais efeitos desencadeados pelo uso da droga são sensação intensa de euforia, bem estar e poder, estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite, perda da sensação de cansaço, dilatação de pupilas e aumento da temperatura corporal. A cocaína produz efeitos cardiovasculares, que são os principais responsáveis por sua letalidade. A morte pelo consumo excessivo da droga também pode ocorrer devido à diminuição de atividade de centros cerebrais que controlam a respiração. Consumir cocaína junto com bebidas alcoólicas produz consequências mais graves do que o uso destas substâncias separadamente. Ingerir o álcool aumenta a “fissura” (vontade incontrolável de sentir o prazer que a droga provoca) pela cocaína, os riscos de episódios de perda de controle e intoxicação mais grave.
Com o tempo, o organismo desenvolve tolerância à droga sendo necessário consumir maiores quantidades da substância para se atingir o efeito desejado. A tendência do usuário de cocaína é aumentar a dose da droga na tentativa de sentir efeitos mais intensos. Porém, essas quantidades maiores acabam por levar o usuário a comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranoia. Eventualmente, podem ter alucinações e delírios. Com o aumento progressivo do consumo, o usuário pode chegar a uma overdose e leva-lo a morte na busca de um prazer que o escravizou até acabar de vez com sua vida.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) o consumo de cocaína cresceu nos últimos quatro anos mais de 30% no Brasil. Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC) nunca se consumiu tanta cocaína no país, um crescimento médio anual de 6% que vai na contramão do resto mundo que tende a estabilidade. São 890 mil em números absolutos, usuários desta droga que tem poder de dependência superior ao da maconha, do tabaco e do álcool. A cocaína movimenta um mercado de cerca de R$ 80 bilhões no planeta com um consumo de 600 toneladas por ano. No Brasil o acesso a droga é relativamente barato e fácil se comparado aos países da Europa, devido a proximidade com os principais fornecedores que são Bolívia, Peru e Colômbia. Somente em nosso país o tráfico de drogas consome mais de US$ 5 bilhões por ano e continua sendo tratado de forma ineficiente e cara pelos governantes, enchendo penitenciárias e criando uma burocracia repressora que só oneram os contribuintes e não apresentam resultados no sentido de minimizar os prejuízos causados pelo abuso de drogas lícitas ou ilícitas.

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