sábado, 30 de junho de 2012

Lula, Brizola e os livros de história

Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (30/06-01/07/2012)
Quem não lembra quando o ex-presidente Fernando Collor poucos meses antes de seu impeachment pediu a toda nação que vestisse verde amarelo em solidariedade a ele e o velho caudilho Leonel Brizola pendurou uma bandeira do Brasil na janela de sua casa em apoio ao governo collorido? Uma professora de História do Brasil na época de minha graduação dizia que se Brizola tivesse morrido antes de tal episódio, entraria para os livros de história como uma das maiores lideranças da esquerda brasileira, graças a sua biografia de luta contra o Golpe de 64. Mas bastou seu apoio a Collor e suas posteriores declarações e posicionamentos por vezes excêntricos devido a alta idade, para o trabalhista ter sua imagem comprometida.
Não querendo ser pesado em meu humor sarcástico, mas o mesmo parece estar valendo para o nosso ex-presidente Lula. Primeiro o ex-líder sindical, responsável por ter fundado um dos ex-maiores partidos da esquerda mundial aceita o apoio do mesmo ex-presidente cassado e agora senador Fernando Collor e apóia o baluarte dos tempos da ditadura e coronel nordestino José Sarney, representante de tudo o que há de mais retrógrado e conservador na política nacional. Como se não bastasse, o velho Lula, de tantas lutas e batalhas que muito orgulho já deu para sonhadores canhotos como este que aqui escreve, se alia com Paulo Maluf, sim, o arcaico Maluf muito bem adjetivado nas palavras daquele Brizola que citei primeiro: “Filhote da ditadura!” Como aqueles velhos casamentos que iniciam com uma paixão que mais se parece um incêndio e depois de três décadas pouco ou quase nada sobra que brasas, assim é o PT de hoje criado por Lula. Mais um partido da ordem, pragmático e que existe em função do poder e do jogo eleitoral. Vencer eleições é sua única razão de ser assim como a imensa e quase totalidade dos partidos políticos. Cargos e mais cargos eis a lei. O sonho de transformação social transformou-se em mera retórica marqueteira e o poder deixou de ser um meio e passou a ser um fim. Assim como todos, o PT que um dia foi de esquerda, rebelde e socialista hoje luta por “melhor saúde, educação, distribuição de renda, emprego e segurança”. E quem vende projeto diferente deste? Do Democrata ao PC do B é o que se tem por aí. O que era diferente virou mais um e viva o Maluf! O que é isso companheiros?
Nem tudo está perdido, embora quase tudo. No próprio PT de Lula amigo de Maluf existe uma pequena minoria que ainda sonha (coitados) em contaminar a maioria já deslumbrada com os holofotes do Planalto e do Piratini. Entre eles estão o bravo Raul Pont que a respeito da coligação entre o PT e o PP de Maluf em São Paulo desabafou: “Hoje a maioria das coligações são marcadas pelo pragmatismo, como se o processo eleitoral fosse apenas uma soma de votos”. Pont mais uma vez defendeu a Reforma Política e Eleitoral que seu partido há dez anos no poder já mostrou que não tem interesse de realizar. Minha opinião, como professor da disciplina, é que para os livros de história, assim como a aliança de Brizola com Collor, irão também mais do que a fundação do PT e os belos mandatos populista de Lula, suas más companhias. Para finalizar encerro com as sábias palavras da quase octogenária deputada Luiza Erundina ironizando o candidato petista a prefeitura paulista Fernando Haddad, que se auto- intitula “o novo”: “O Maluf é o novo? Pelo amor de Deus, né?”

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