domingo, 17 de junho de 2012

Os dois cães interiores

Por: Everton Pereira
Em: Butiá Notícias (08-09/06/2012)
Retorno a minha coluna após um mês de afastamento devido a tratamentos de saúde. Parte do tratamento dizia respeito a problemas de visão (ceratocone) e a outra não possuía acesso a internet e, portanto, não havia como manter contato com a redação do BN. Mas estou de volta – renovado em todos os sentidos para quem interessar possa e pronto para iniciar uma nova vida e retomar minhas atividades profissionais, sociais e principalmente familiares.
Como é de conhecimento dos meus leitores, deixei a vida pública e a carreira político-partidária por questões de ordem particular e ideológica para me dedicar mais a minha família e a minha verdadeira profissão e vocação: o magistério – uma das melhores e mais eficazes formas de mudar o mundo e a realidade social. A partir de agora, em uma nova fase de minha vida com novos horizontes e objetivos, irei tratar de temas mais abrangentes do que o de costume como a política, ou melhor, a “realpolitik”. Esta que mais se parece um circo reservada a poucos e que não inclui o cidadão como objeto de transformação de sua própria história. Falarei mais da verdadeira política, de espiritualidade, de educação, cidadania enfim do ser humano, pois como dizia o velho Marx “tudo o que é humano me interessa”. Começo citando um velho conto zen-budista que fala sobre nossas angústias pessoais e nossa capacidade de escolha e transformação e que neste momento, fala um pouco também de mim mesmo...
Certa noite em um mosteiro zen-budista do norte do Japão um noviço dirigiu-se ao um velho monge angustiado por estar sentindo muita ansiedade, devido sua vontade de sair do local para viver as coisas do mundo como fazia antes de entrar para o local. O velho monge esperou o jovem colocar toda sua ansiedade para fora e respondeu no auge de sua sabedoria:
“Cada um de nós, possui dois cães interiores. Um é mau. É a raiva, a inveja, o ciúme, o arrependimento, os vícios, a arrogância, a culpa, o ressentimento e o egoísmo. O outro é bom. É o amor, a paz, a serenidade, a alegria, a humildade, a sobriedade, a compaixão, a fé e a generosidade.”
O noviço pensou um pouco e perguntou: “Qual deles vence?”
O velho monge sorriu e respondeu: “Aquele que eu melhor alimentar.”

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