sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O desencanto continua...

Publicado no Portal de Notícias em 13/08/2010


Recentemente escrevi neste espaço sobre o desencanto com a política no Brasil e no mundo. Principalmente nas camadas mais jovens da população, onde o número de eleitores de 16 e 17 anos no país reduziu-se em 25,65% em relação a 2006. Infelizmente tive que voltar ao tema, depois do que ando vendo e ouvindo por aí, antes mesmo de esquentar a campanha eleitoral. Mas a gota d’água foi a matéria sobre os “vereadores turistas” que o Fantástico do domingo último veiculou. Infelizmente, nós os gaúchos, tão orgulhosos de nosso pretenso “alto grau de politização” fomos destaques na reportagem. Como se não bastasse, nossos vizinhos de Triunfo estrearam como principais protagonistas daquela verdadeira falta de vergonha e total desrespeito com a coisa pública e o eleitor.

Quanto a reportagem do programa da Rede Globo, creio que as imagens por si só falam tudo. Ações daquele tipo contribuem e muito para que o desencanto com a política continue e se aprofunde cada vez mais. Faz da política sinônimo de corrupção ou no mínimo a relacionam com pessoas incompetentes, que necessitam viver às custas do povo graças ao seu baixo nível intelectual, moral ou profissional. Quando na verdade era pra ser o contrário. Na política deveriam estar “os notáveis”. Mulheres e homens que de acordo com seu conhecimento ajudariam a sociedade a evoluir. Àqueles que Antonio Gramsci chamava de “intelectuais orgânicos”. Líderes que ao lado do povo conduziriam o mundo a um estágio mais avançado de civilização, liberdade e igualdade. Mas talvez isso nunca tenha estado tão longe da realidade. Graças a ajuda dos próprios políticos (ou de grande parte deles).

Estamos passando mais uma vez por um período capaz de mudar para melhor este quadro ou então, ajudar a tornar as coisas ainda piores - se é que dá pra piorar. Refiro-me ao período eleitoral. Instituições como o Ministério Público Federal e o Tribunal Superior Eleitoral estão fazendo e muito bem a sua parte com campanhas de conscientização da população. Ensinando qual o papel e a função de cada um dos cargos que serão eleitos no pleito de outubro e ainda usando a sátira e a comédia para falar da compra de votos. Os interessados podem acessar o www.eleitoral.mpf.gov.br e ver como não proceder em relação a escolha de seu candidato.

Um termo que está cada vez mais em uso por candidatos e apoiadores com a chegada das eleições e o início de fato da campanha, é a chamada “retribuição financeira”. A exemplo de palavras cunhadas por governos autoritários que são todos eles corruptos, assistimos a utilização de expressões bonitas para designar ações feias e erradas. Retribuição financeira nada mais é que pagar ou retribuir alguém para apoiar determinado candidato. No bom e velho português isso chama-se compra de voto.

A melhor forma de um candidato pagar seus apoiadores é com um bom mandato. Vender ou trocar seu sagrado voto por benesses pessoais produz uma única consequência: eleger os piores. Só os piores compram apoio. Só os piores aparecem no Fantástico fazendo turismo às custas do erário público. Com certeza os piores são eleitos por quem eles “retribuíram financeiramente” e por isso, são os piores eleitores também. Os melhores candidatos conquistam, não compram seus votos. Já os melhores eleitores ajudam a construir a cada eleição uma cidade, um estado e um país melhor e mais descente.

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