segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Capitalismo: o que é isso?




Autor: Emir Sader

As duas referências mais importantes para a compreensão do mundo contemporâneo são o capitalismo e o imperialismo.

A natureza das sociedades contemporâneas é capitalista. Estão assentadas na separação entre o capital e a força de trabalho, com aquela explorando a esta, para a acumulação de capital. Isto é, os trabalhadores dispõem apenas de sua capacidade de trabalho, produzir riqueza, sem os meios para poder materializa-la. Tem assim que se submeter a vender sua força de trabalho aos que possuem esses meios – os capitalistas -, que podem viver explorando o trabalho alheio e enriquecendo-se com essa exploração.

Para que fosse possível, o capitalismo precisou que os meios de produção –na sua origem, basicamente a terra – e a força de trabalho, pudessem sem compradas e vendidas. Daí a luta inicial pela transformação da terra em mercadoria, livrando-a do tipo de propriedade feudal. E o fim da escravidão, para que a força de trabalho pudesse ser comprada. Foram essas condições iniciais – junto com a exploração das colônias – que constituíram o chamado processo de acumulação originaria do capitalismo, que gerou as condições que tornaram possível sua existência e sua multiplicação a partir do processo de acumulação de capital.

O capitalismo busca a produção e a comercialização de riquezas orientada pelo lucro e não pela necessidade das pessoas. Isto é, o capitalista dirige seus investimentos não conforme o que as pessoas precisam, o que falta na sociedade, mas pela busca do que dá mais lucro.

O capitalista remunera o trabalhador pelo que ele precisa para sobreviver – o mínimo indispensável à sobrevivência -, mas retira da sua força de trabalho o que ele consegue, isto é, conforme sua produtividade, que não está relacionada com o salário pago, que atende àquele critério da reprodução simples da força de trabalho, para que o trabalhador continue em condições de produzir riqueza para o capitalista. Vai se acumulando assim um montante de riquezas não remuneradas pelo capitalista ao trabalhador – que Marx chama de mais valia ou mais valor – e que vai permitindo ao capitalista acumular riquezas – sob a forma de dinheiro ou de terras ou de fábricas ou sob outra forma que lhe permite acumular cada vez mais capital -, enquanto o trabalhador – que produz todas as riquezas que existem – apenas sobrevive.

O capitalista acumula riqueza pelo que o trabalhador produz e não é remunerado. Ela vem por tanto do gasto no pagamento de salários, que traz embutida a mais valia. Mas o capitalista, para produzir riquezas, tem que investir também em outros itens, como fábricas, máquinas, tecnologia entre outros. Este gasto tende a aumentar cada vez mais proporcionalmente ao que ele gasta em salários, pelo peso que as máquinas e tecnologias vão adquirindo cada vez mais, até para poder produzir em escala cada vez mais ampla e diminuir relativamente o custo de cada produto. Assim, o capitalista ganha na massa de produtos, porque em cada mercadoria produzida há sempre proporcionalmente menos peso da força de trabalho e, por tanto, da mais valia - que é o que lhe permite acumular capital.

Por isso o capitalista está sempre buscando ampliar sua produção, para ganhar na competição, pela escala de produção e porque ganha na massa de mercadorias produzidas. Dai vem o caráter sempre expansivo do capitalismo, seu dinamismo, mobilizado pela busca incessante de lucros.

Mas essa tendência expansiva do capitalismo não é linear, porque o que é produzido precisa ser consumido para que o capitalista receba mais dinheiro e possa reinvestir uma parte, consumir outra, e dar sequencia ao processo de acumulação de capital. Porém, como remunera os trabalhadores pelo mínimo indispensável à sobrevivência, a produção tende a expandir-se mais do que a capacidade de consumo da sociedade – concentrada nas camadas mais ricas, insuficiente para dar conta do ritmo de expansão da produção.

Por isso o capitalismo tem nas crises – de superprodução ou de subconsumo, como se queira chamá-las – um mecanismo essencial. O desequilíbrio entre a oferta e a procura é a expressão, na superfície, das contradições profundas do capitalismo, da sua incapacidade de gerar demanda correspondente à expansão da oferta.

As crises revelam a essência da irracionalidade do capitalismo: porque há excesso de produção ou falta de consumo, se destroem mercadorias e empregos, se fecham empresas, agudizando os problemas. Até que o mercado “se depura”, derrotando os que competiam em piores condições – tanto empresas, como trabalhadores – e se retoma o ciclo expansivo, mesmo se de um patamar mais baixo, até que se reproduzam as contradições e se chegue a uma nova crise.

Esses mecanismos ajudam a entender o outro fenômeno central de referência no mundo contemporâneo – o imperialismo.

Um comentário:

  1. Eu tenho uma visão mais objetiva no que se diz respeito à esse capitalismo, sabe porque, porque o homem com a sua ganância capitalista e racionalidade vã, está caminhando cada vez mais para o caos social absoluto quando ele pensa que com o seu poderio econômico e os seus conhecimentos científicos, possa vir à desvendar o incognoscível; e com isso, achar que pode também ao fazer uso do supremo conhecimento possivelmente desvendado, ostentar o poder no intuito de oprimir cada vez mais os seus semelhantes com o objetivo de adquirir cada vez mais riquezas para sua satisfação pessoal ególatra e talvez, além de querer ocupar o lugar de Deus, ele pensa em fazer com o Mesmo, o que fez com o Filho do Mesmo!
    E por falar em ganância capitalista do homem, aí vai:
    O capitalismo é um regime econômico ou melhor, "sistema econômico", criado desde os primórdios dos tempos e que foi sendo aprimorado pelos que manteem as rédeas da economia e procuram sistematicamente com os engodos fascinantes, promover o consumismo desenfreado no intuito de escravizar cada vez mais os trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção e de troca. E com isso, satisfazer cada vez mais, a ânsia pela riqueza e satisfação pessoal ególatra de uma minoria. Sistema este, em que 1% dos mais ricos, ficam com 40% do bolo financeiro. - E ào meu ver e por observar ao longo dos anos tantas crises econômicas desse tal sistema, que promoveu e vem promovendo até hoje tantas injustiças sociais, na qual tem como efeito o notório aumento da violência de âmbito praticamente mundial. No entanto, se não forem tomadas medidas de bom senso no intuito de valorizar com salários mais dignos à classe profissional e operaria, nas quais são as que realmente manteem esse capitalismo (sistema econômico) em funcionamento, já dá para presumir que em um futuro não muito distante, o mesmo estará fadado à um colapso que provavelmente, vai provocar o caos social absoluto e por conseguinte, desencadear o tão assombroso apocalipse.
    Então gente, para mudarmos o nosso ponto de vista em relação à essa ideia capitalista e consumista, que nos escraviza e que certamente nos é e será a causa da grande e comprometedora pernície social, eu chego a conclusão de irmos nos conscientizando de que, SÓ COM FÉ EM DEUS E A GLOBALIZAÇÃO DAS NAÇÕES NO SENTIDO COMPARTILHADO DE RECURSOS TÉCNICOS, CIENTÍFICOS, INDUSTRIAIS, TRABALHISTAS, AGROPECUÁRIOS E ETC... E SEM FRONTEIRAS PARA OS PÓVOS É A SOLUÇÃO; e isso, não é utopia não, basta eu, você, a humanidade em si, irmos nos desfazendo de nossas índoles egolátra.

    ResponderExcluir