segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Do Planalto para a história...



“NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS”

Publicado no Butiá Notícias Edição 633 de 07 e 08 de janeiro de 2011.

Sou um entusiasta do Governo Lula e também companheiro de partido do ex-presidente, mas faço aqui uma análise desapaixonada e a mais realista possível de seus governos. Acredito que Lula fez o melhor dentro do possível, neste sentido foi o melhor presidente da história brasileira. Mas contentou-se com o possível, eis seu primeiro e mais importante erro.

Ao não realizar a Reforma Política, a mais importante de todas, sujeitou-se a guinar para a direita e governar com Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Collor e Maluf. Sem a mudança da estrutura política e eleitoral é inevitável governar buscando (de qualquer forma) a maioria parlamentar. Entre os erros de Lula estão também a não realização da Reforma Agrária (apesar de ter assentado um número recorde de famílias) e da Reforma Tributária, criando uma tributação mais justa, cobrando mais de quem têm mais e menos de quem têm menos.

O ex-presidente pecou também em não encarar de frente o monopólio das comunicações e iniciar um debate consistente tendo em vista sua democratização. Tanto em suas campanhas quanto na campanha da presidente Dilma, a grande mídia foi o maior partido de oposição ao projeto popular do governo, demonstrando assim que ela age sob a lógica da luta de classes (o que Lula não fez) e dos interesses privados. O SUS continua deficiente e o saneamento básico precário, com mais de 50% dos domicílios desassistidos deste direito. O Programa Nacional dos Direitos Humanos ficou capenga, fazendo do Brasil o único país da América Latina que não teve coragem de responsabilizar os criminosos da ditadura e encarar de frente um passado sombrio para que ele não se repita jamais. Dos erros, eis os mais graves.

Os acertos são incontáveis e responsáveis pelos 90% de aprovação do ex-presidente e seu governo. Foram 20 milhões de brasileiros que saíram da miséria e 32 milhões da pobreza. A estabilidade econômica foi conquistada e ao contrário do que dizem os tucanos e a extrema-esquerda, não foi a continuidade do governo privatista de FHC. A crise foi de fato uma marolinha porque apesar dos banqueiros lucrarem, a ênfase foi no capital produtivo, na reindustrialização e na infraestrutura através do PAC. Lula também ficou na história por ter dado autonomia ao país criando uma política externa soberana e independente dos interesses norte-americanos. Aproximou-se de nossos iguais como os africanos, asiáticos e latino-americanos. Foi tão “ideológico” ao dialogar com Cuba, Bolívia e Venezuela quanto FHC ao se ajoelhar aos EUA, ao FMI e aceitar a ALCA.

Apesar da baixa evolução do ensino básico e dos erros no ENEM, o governo realizou uma verdadeira revolução no ensino superior com o PROUNI. A agricultura familiar nunca foi tão valorizada, fazendo de Guilherme Cassel do MDA um dos melhores ministros do ex-presidente. Durante a Era Lula (que ainda não acabou) foram criados 40 milhões de empregos com elevação salarial. A democracia direta e a participação popular apesar de tímidas geraram 73 Conferências e 70 mil pessoas participaram da construção das principais políticas do governo. Foi sim um governo sem paralelo na história. Lula não poderia ter escolhido jargão melhor. Nunca antes na história deste país o povo foi governado por um trabalhador e como se não bastasse, este operário elegeu (como também nunca antes na história deste país) uma mulher para governar a nação. Do possível foi feito quase tudo, agora devemos avançar para o “impossível”. Agora é Dilma!

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