sexta-feira, 15 de abril de 2011

Desarme sua mente



Por: EVERTON PEREIRA
Em: Nossagenda

A Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, está saindo melhor que a encomenda. Isto se José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça, não pôr pedras em seu caminho. Primeiro foi o posicionamento firme em relação a abertura dos arquivos sobre as atrocidades cometidas durante o governo dos generais e a criação da Comissão da Verdade. Agora Rosário dá mais uma dentro ao se colocar a favor de um referendo sobre o desarmamento. Não votei nela. Ela não faz parte de minha tendência dentro do PT... mas parabéns companheira!

Falo em desarmamento e na posição da Ministra dos Direitos Humanos, por que desde que Wellington Menezes de Oliveira matou de forma brutal e covarde 12 adolescentes na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo no Rio de Janeiro, que todo mundo, em especial a imprensa adoradora de fazer show com a desgraça alheia, fala do caso sem falar do contexto onde está inserida a problemática da violência.

Sobre as armas de fogo já dizia o velho e sábio Saramago: “O negócio das armas, sujeito à legalidade mais ou menos flexível de cada país ou de simples e descarado contrabando, não está em crise. Quer dizer, a tão falada e sofrida crise que vem destroçando física e moralmente a população do planeta não toca a todos. Por toda a parte, aqui, além, os sem trabalho contam-se por milhões. Todos os dias milhares de empresas declaram-se em falência e fecham as portas, mas não consta que um único operário de uma fábrica de armamento tenha sido despedido. Trabalhar numa fábrica de armas é um seguro de vida. Já sabemos que os exércitos precisam armar-se, substituir por armas novas e mais mortíferas os antigos arsenais. Parece portanto evidente que os governos dos países exportadores deveriam controlar severamente a produção e a comercialização das armas que fabricam”.

Armas é um negócio lucrativo que gera morte e também muita grana. Diferente das drogas que também matam, as armas são fabricadas sob a tutela dos governos. Assim, os governos são indiretamente responsáveis pelas mortes causadas pelas armas de fogo. Da mesma forma, o homem de bem que compra uma arma para proteger a si e sua família e tem em certo momento esta arma roubada, também é responsável pela violência. A maioria das armas que hoje estão nas mãos dos criminosos (inclusive as duas usadas por Wellington) foram compradas legalmente e depois através de assaltos e roubos foram parar nas mãos dos bandidos.

Para acabar com a tão falada violência, é necessário tirar de nosso meio sua principal aliada: a arma que mata. A arma que é feita para matar. Espero que nossa ministra tenha força de colocar isso em pauta e que o resultado seja diferente daquele de 2005 onde o “não” venceu, por que todo mundo quis continuar se protegendo das armas usando armas. Até parece filme de bang-bang...

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