domingo, 31 de julho de 2011

O lugar dos idosos na sociedade



Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (29-30/07/2011)

Vivemos em um mundo, principalmente do nosso lado ocidental, em que o culto ao novo, a novidade e ao descartável ganha força a cada segundo. A padronização do “belo” torna-se um modelo seguido por todos, como se existisse somente uma forma de beleza, que quase sempre é vinculada a juventude e ao fenótipo característico do ocidente: branco, magro, alto, loiro. Mas será que sempre estes valores foram tão fortes em nosso meio? Sempre o futuro foi mais importante que o passado? Sempre o que é “velho” ou “usado” foi descartado em lugar do “novo” e da “novidade”? O que ocorre é que vivemos em uma sociedade massificada pelo consumo onde tudo vira mercadoria e como tal, para alimentar o sempre faminto mercado, deve ser substituído. Mas o que primeiramente deveria (ou não) limitar-se somente aos bens materiais acaba por estender-se também ao campo da vida social, da moral e da ética. Acabamos por não querer somente um novo carro a cada ano, ou uma nova roupa a cada semana. Mas também queremos sempre um novo amor, um novo amigo, um novo parceiro sexual, um novo animal de estimação. Vivemos em uma sociedade ansiosa pela mudança, pelo novo, por mais. Onde o “velho” e o passado perdem cada vez mais seu lugar ao sol.

Faço esta reflexão buscando trazer um pouco nossos olhares para os idosos. Idosos que talvez tenham seu arquétipo, seu símbolo maior, na imagem dos avós. No último dia 26 de julho comemoramos o dia deles. Dos pais dos nossos pais. Há não muito tempo atrás, eram reservados naturalmente aos idosos os acentos, os lugares nas filas, a vez na fala. Havia naturalmente, por educação e criação de família um respeito aos mais velhos. Isto porque se entendia que eram eles os guardiões do conhecimento. Eram eles, os mais velhos que sabiam como viver e seriam eles que ensinariam os filhos, netos e bisnetos a viverem suas vidas. Com o passar do tempo a velhice perdeu no mundo ocidental – diferente do mundo oriental onde a ainda persiste – seu aspecto de sabedoria e experiência e passou a ser sinônimo de “desatualização” e “senilidade”. Com isso, perdemos a oportunidade de aprender com os mais velhos, achando que por saber usar melhor um computador ou um celular que eles, somos superiores como seres humanos. Isto sem falar na ilusória busca pela eterna juventude, onde através de plásticas e próteses negamos a beleza da ordem natural da vida. Para ser belo, devemos ser jovens.

Nossa sociedade deve deixar um pouco de lado seu lado consumista e capitalista e olhar um pouco com mais atenção para outros povos e civilizações (como a nossa no passado) que tem nos idosos, os guardiões dos segredos do bem-viver. Nas sociedades africanas e indígenas, por exemplo, um dos crimes mais graves é desrespeitar um idoso. Da mesma forma no Japão a hierarquia social é estipulada pela idade, inclusive nos cargos públicos. Não quero aqui fazer um culto ufanista ao passado e a tradição. Nem negar o papel do desenvolvimento e do novo para a melhoria de nossas condições de vida. Mas dizer que ouvir com atenção os mais velhos, nunca é demais. Parabéns a todos os vovôs e todas as vovós pelo seu dia!

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