domingo, 26 de agosto de 2012

Educar é dar autonomia!


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (24-25/08/2012)

Paulo Freire dizia que “não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Durante sua vida que durou de 1921 a 1997, o pernambucano que foi o maior pensador da educação que este país já teve e um dos maiores do mundo, pensava e pregava que educar é dar autonomia. Mas autonomia no sentido mais amplo que a palavra possui. Seu sentido de libertação, emancipação, conhecimento e dignidade. A educação não deve servir a Eva para ela decorar a palavra “uva”, mas para que Eva entenda de uva e ao entender de uva, de seu processo de produção, Eva entenderá de seu próprio mundo e assim a educação cumprirá com seu papel libertário.

Quando um professor educa um aluno ou um pai seu filho, o que está em jogo é a formação de um cidadão, a construção de um ser humano e por isso torná-lo autônomo, livre, inclusive do conhecimento do professor e do pai é o maior objetivo. Educamos para que o educando seja maior que o educador... Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar condições que possibilite a construção do conhecimento. A curiosidade crítica é a grande ferramenta utilizada na construção do conhecimento. Neste processo ocorre a metamorfose do aluno indócil e insatisfeito num “pesquisador do mundo”, porque agora o mundo já não é mais indiferente... Está sendo descoberto e reconstruído por ele e pelo educador.

Quando damos autonomia, quando ensinamos a liberdade necessária para a formação de um cidadão e de uma cidadã, arriscamos e muito! É um processo que exige risco, aceitação do novo frente a aula pronta, dada e decorada e por isso, “fácil”. Exige a rejeição total a descriminação e exige algo que para muito educadores, principalmente os mais antigos é mais difícil: reflexão crítica, constante, sobre a própria prática educativa. Pois ensinar exige o reconhecimento que o próprio ensinar é um processo inacabado e que há a inserção do sujeito inacabado num permanente processo social de busca.

Ensinar exige alegria e esperança! Exige a convicção de que a mudança é possível... Quem não possuí esperança na mudança seja do mundo ou de um aluno, não merece estar em uma sala de aula, não merece o sorriso de uma criança. O que move a educação é a esperança, a perspectiva de que podemos ser melhores. A perspectiva da superação na ajuda mútua... Educar exige comprometimento! Ensinar exige compreender que educação é uma forma de intervenção profunda no mundo. Educar exige escutar e saber que a educação como todo processo social é ideológica.

Educar é mais que profissão e apesar de ser um ganha pão, é uma vocação. Ensinar alguém a ser livre, ser autônomo, conhecer e ler o mundo que o rodeia é tarefa das mais nobres e importantes que um ser humano pode desempenhar. Os donos do poder político e econômico desprezam a educação justamente por seu poder revolucionário e utópico. Poder este muito maior que partidos, governos e instituições. Um povo livre, autônomo, que sabe o que quer não se deixa subjugar ou comprar por nenhuma força, pois sabe que a força maior é ele próprio. Eis a beleza de educar: ensinar a ser livre, pensar livre e agir com liberdade e autonomia em mundo que cultua cada vez mais o pensamento único. Educar é dar asas...

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