domingo, 19 de agosto de 2012

Vigotsky: atual e necessário!


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (17-18/08/2012)

O conhecimento não é acabado, não é herdado genética
ou biologicamente. O conhecimento é construído coletivamente através da interação
entre o sujeito, o objeto e outros sujeitos. Desta forma a potencialidade da aprendizagem é infinita e todo aluno pode ser sujeito de seu próprio conhecimento. A aprendizagem é sempre inacabada e repleta de significado de indivíduo para indivíduo. E para construir nosso conhecimento, dar significado a realidade que nos cerca, vamos buscar amparo na cultura onde estamos imersos e dentre estes instrumentos destacamos
principalmente a linguagem. É basicamente assim que o psicólogo bielo-russo Lev
Semenovitch Vigotsky, nascido em 1896 e morto em 1934, pensava a educação e o
processo de ensino-aprendizagem: em função das interações sociais e condições de
vida. Por isso que Vigotsky afirmava que “o caminho do objeto até a criança e da criança até o objeto, passa por outra pessoa”. Com isto ele queria dizer que não há “saber puro” e sim um eterno processo de construção de conhecimento que envolve tanto alunos como professores num jogo de mão dupla, para ambos os lados.

Tanto a vida quanto a carreira intelectual de Lev Vigotsky foram breves,
mas muito férteis. Morreu de tuberculose aos 38 anos de idade em Moscou deixando
apenas seis volumes escritos ao longe de uma carreira de dez anos. Apesar de defensor
da Revolução de 1917 e membro do Partido Comunista da União Soviética, a obra de
Vigostky foi condenada ao ostracismo pelo regime stalinista por ser considerada “contra-revolucionária”, vindo a ser conhecida pelo grande público somente nos anos 60. Ele afirmava que a aprendizagem é um processo social e, por isso, deve ser mediada. Nessa concepção, o papel da escola é orientar o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pelo aluno, impulsionando novos conhecimentos e novas conquistas a partir do que já sabe, constituindo uma ação colaborativa entre o educador e o aluno. A concepção de educação desta forma vai bem além do currículo e do conteúdo. O educador tem o papel de mediador do mundo ao passo que a educação em si é um processo que visa a libertação do indivíduo e da sociedade.

Ao lado de Jean Piaget e Paulo Freire, Lev Vigotsky foi e continua sendo
uma das principais lentes para enxergarmos uma concepção positiva e otimista de
educação e pedagogia. Uma educação que olha para frente, que vai além, muito além
do ensino puramente livresco, tecnicista e utilitarista. A educação que põe o aluno a
frente do conteúdo e não o contrário. O conteúdo que ensina a viver e não a decorar.
Uma educação que ainda não cansou de querer mudar o mundo. Dizia ele que o saber
que não vem da experiência não é realmente saber, pois tudo que é humano é pura
experiência. Não há nada fora da experiência! Então, a verdadeira aprendizagem, a
verdadeira educação, liberta, dá asas, para quem educa e para quem é educado. Nesta
dialética ninguém nasce sabendo, todos somos iguais em nossa ignorância e em nossa
construção coletiva do conhecimento.

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