sábado, 17 de julho de 2010

30 anos sem Vinícius de Moraes


30 ANOS SEM O POETA ALEGRE

Publicado no Jornal Sobral Edição 608 de 16 e 17 de julho de 2010.

“É melhor ser alegre que ser triste. Alegria é a melhor coisa que existe”. Foi deste jeito que o poeta e diplomata Vinícius de Moraes resumiu a vida na letra de uma de suas composições. Há uma semana atrás, no 9 de julho, faziam exatos 30 anos que Vinicius desencanava - usando a expressão que ele usaria. Poeta, diplomata, compositor, boêmio e muito espirituoso e espiritualista também, Vinícius era um apaixonado pela vida. Junto a João Gilberto, Tom Jobim, Pixinguinha, Baden Powell, Chico Buarque e Toquinho, é um dos grandes nomes da música popular brasileira e percussor da bossa nova nos últimos anos da década de 50. É dele a música Garota de Ipanema, hino de amor a cidade do Rio de Janeiro e as mulheres da praia. Mulheres inclusive que de tanto gostar, casou-se nada menos que nove vezes.

Outro gigante da poesia nacional, Carlos Drummond, afirmava que “Vinícius foi o único poeta brasileiro que viveu como poeta”. Era uma espécie de “Jim Morrison” da MPB. Foi expulso do Itamaraty com o Golpe de 1964 por suas atitudes excêntricas e principalmente por suas posições políticas mais a esquerda. Uniu sua poesia a músicas de grandes compositores e passou a dedicar-se inteiramente a música.

Nascido no Rio de Janeiro de 1913 morreu em 1980 com apenas 67 anos de idade. Deixou como herança sua obra, que não se resume a seus poemas e músicas. Sua vida foi a melhor expressão de sua arte. Vinícius tinha como valores, sentimentos que hoje estão “fora de moda” frente ao mundo imediatista em que vivemos. Era o poeta do amor e da paixão. Do amor que dói, mas que sempre é perseguido. Era o poeta do desapego e da quase inocência. Pintava a vida como uma tarde de sol passada regada a chope no Bar do Veloso (hoje Bar Garota de Ipanema). Como disse Chico Buarque no filme “Vinícius de Moraes” de Miguel Farias Jr.: “Vinícius era um porra louca”. Era movido pelos sentimentos. Algo desproporcional ao cada vez mais esmagador racionalismo contemporâneo.

Quando o poeta morreu - ou desencarnou como dizia o Vinícius umbandista – eu tinha apenas 2 anos de idade. Mas sua presença permanece em seus livros e versos. Num copo de chope ou de uísque e em músicas que nos ensinam a encarar a vida de uma forma melhor e que dizem, por exemplo: “Tem dias que eu fico pensando na vida/ E sinceramente não vejo saída/ Como é, por exemplo, que dá pra entender/ A gente mal nasce, começa a morrer/ Depois da chegada vem sempre a partida/ Porque não há nada sem separação/ Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão/ Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão/ A gente nem sabe que males se apronta/ Fazendo de conta, fingindo esquecer/ Que nada renasce antes que se acabe/ E o sol que desponta tem que anoitecer”. Saravá poetinha!

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