sábado, 3 de julho de 2010

Consumismo




ESTADO DO MUNDO 2010

Publicado no Butiá Notícias Edição 606 de 02 e 03 de julho de 2010

O Instituto Akatu e o WWI (World Watch Institute) lançaram, na quarta-feira 30, a versão em português do relatório Estado do Mundo 2010: Transformando Culturas - Do Consumismo à Sustentabilidade, publicado em mais de 30 idiomas. O estudo é produzido, anualmente, há 28 anos, pelo WWI e faz um balanço sobre as principais questões ambientais. De acordo com o relatório a cultura normalizou o consumismo e passou a relacionar as noções de bem-estar e felicidade aos produtos que compramos e à quantidade deles que podemos adquirir. Eric Assadourian, relator do documento disse no lançamento que “o consumo exagerado está nos levando à insegurança ecológica e precisamos aprender a viver com o suficiente. A cultura é maleável e pode ser mudada intencionalmente”.

Entre as informações trazidas pelo relatório está o fato de que já consumimos 30% acima da capacidade de reposição da Terra. Diariamente, retiramos do planeta, em termos de recursos naturais, o equivalente a 112 prédios do Empire States, que tem 105 andares. Apesar da eficiência na utilização de materiais ter aumentado cerca de 30%, o uso de recursos naturais aumentou em 50% nas últimas três décadas. Cerca de um sexto da população mundial é responsável por quase 80% do que é consumido mundialmente em termos de bens e serviços. Hoje, 5 bilhões de pessoas ainda consomem um décimo do que compra um europeu médio. A desigualdade é um problema mundial.

O estudo comprova o poder da educação e da mídia como ferramentas de transformação da cultura. As dimensões é que assustam. Em 2006, pessoas no mundo todo gastaram US$ 30,5 trilhões em bens e serviços. Em 1996, esse número foi de US$ 23,9 trilhões e em 1960 a humanidade consumiu o equivalente a US$ 4,9 trilhões. Só em 2008, pessoas no mundo todo compraram 68 milhões de veículos, 85 milhões de geladeiras, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de celulares. Parte desse aumento é resultante do crescimento populacional, mas o número de seres humanos cresceu apenas a uma razão de 2,2 entre 1960 e 2006.

O relatório é bastante claro: a maior contradição do sistema capitalista na sua atual fase de desenvolvimento são as questões ambientais, mais especificamente o consumismo. O documento demonstra que a causa do problema não é o aumento da população, pelo contrário, há uma enorme desigualdade social em termos mundiais. O fator determinante é que a ideologia capitalista, chamada no documento de “cultura”, induz a um comportamento consumista e materialista. Mais uma vez fica claro o papel fundamental que a educação possui para o futuro da humanidade e a força que políticas de distribuição de renda possui para contribuir na reversão deste quadro, democratizando o consumo.

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