sexta-feira, 8 de outubro de 2010

As eleições de domingo passado...



O QUE APRENDEMOS NO DOMINGO?

Publicado no Butiá Notícias Edição 620 de 08 e 09 de outubro de 2010


Passado o três de outubro, fica o questionamento: o que aprendemos neste primeiro turno, ao menos para presidente, já que o Rio Grande do Sul elegeu pela primeira vez em sua história um governador no primeiro turno? Primeiramente podemos afirmar que demos mais um importante passo na consolidação da democracia brasileira, sobre isso não restam dúvidas. Por outro lado, a credibilidade dos institutos de pesquisa eleitorais, com exceção talvez do IBOPE, caíram e caíram muito. Praticamente todos erraram suas previsões em se tratando das eleições presidenciáveis. Manipulados pela grande mídia (o maior partido de oposição ao projeto representado pela candidatura de Dilma Roussef), os institutos de pesquisas não conseguiram (mesmo que isso fosse seu desejo mais explícito), prever o crescimento da candidatura de Marina Silva na última semana de campanha, levando as eleições para o segundo turno. Marina obteve quase 20% dos votos, e isso deve ser analisado tanto pelos partidos que apóiam Dilma, quanto pelos que apóiam a candidatura do sucessor de FHC, José Serra.

Com uma vitória histórica de 54% no primeiro turno, o candidato do PT aqui no estado comprovou não só a força de sua candidatura, apoiada por importantes setores da esquerda gaúcha, como o PSB e o PC do B, como também sua capacidade individual inquestionável enquanto gestor público nos quatro ministérios do Governo Lula pelos quais passou. Mas fundamentalmente, foi o descontentamento maciço do povo gaúcho com o projeto neoliberal representado tanto pela candidatura da ainda governadora Yeda Crusius (parceira de Serra) como a de Fogaça, que facilitaram a vitória da Unidade Popular. Como homem de diálogo e de projeto que é, Tarso Genro deverá formar um governo seguindo o exemplo de Lula, convidando tanto o PDT quanto o PTB para integrar sua base. Inclusive o PP, adversário ideológico histórico, foi cogitado pelo habilidoso governador eleito.

Já em nível nacional, os aliados de Dilma terão que ir a luta para garantir a continuidade da revolução democrática iniciada por Lula em 2002, ao mesmo tempo em que devam realizar uma reflexão sobre a liderança pública de Marina Silva do até então inexpressivo Partido Verde. É necessário um movimento político que dialogue com as expectativas deste segmento social que garantiu não só os 19,4% de votos à Marina, mas como também a prorrogação da vitória de Dilma para o segundo turno. Talvez a grande votação de Marina aponte o caminho que a continuidade da revolução democrática representada por Lula e Dilma deva seguir.

Lula tirou 30 milhões de pessoas da linha da miséria, desenvolveu o Brasil, aprofundou as conquistas democráticas, distribuiu renda através dos programas sociais, combateu as desigualdades regionais e sociais e fez do Brasil, protagonista nas mais importantes discussões internacionais como nunca antes havia ocorrido. Mas a lição que a candidata do PV nos passa é de que a tudo isso deva ser incorporada, de forma clara e programática, uma cultura de sustentabilidade socioambiental proposta de forma implícita por Dilma, mas de maneira explícita por Marina. Já Serra e seus aliados, enquadram-se no velho jargão de que é mais fácil encontrar um leão vegetariano do que um capitalista ambientalista. Por isso, cabe a Dilma abraçar tal causa e mesmo que a pessoa de Marina Silva não venha a apoiar Dilma, suas idéias estão diretamente ligadas ao programa defendido pela candidata petista. Já do PSDB, não podemos esperar o mesmo, é óbvio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário