sábado, 18 de dezembro de 2010

Reflexões sobre o neonazismo no Brasil



NAZISMO À BRASILEIRA

Publicado no Butiá Notícas Edição 630 de 17 e 18 de dezembro de 2010.

Desde o final da Segunda Guerra os brasileiros convivem com indivíduos e grupos que tentam manter viva a ideologia nazista baseada no ódio, no preconceito, na xenofobia e no ultra-nacionalismo. Tivemos os “nazistas tupiniquins” do Integralismo nos anos 30 e a partir do final dos anos 70, jovens oriundos da classe operária paulista, principalmente da região do ABC, denominados “skinheads” (cabeça raspada) passaram a ser manchete graças a seus atos de violência contra negros, ciganos, gays, esquerdistas, punks e judeus. Mas nos últimos meses o número de ataques destes sujeitos a homossexuais vem se tornando corriqueiro e preocupante.

O nazismo foi um misto de política, misticismo, pseudociência e estratégia econômica criada por Hitler para tirar a Alemanha da crise que se encontrava no início do século 20. Com um discurso de extrema-direita pregava a superioridade da raça ariana (germânica) sobre as outras, numa ridícula interpretação do darwinismo. Hoje a ciência já comprovou a inexistência de raças entre os seres humanos. A humanidade compõe uma única raça. Fato é que pode haver mais semelhanças genéticas entre um africano e um alemão do que entre dois alemães e ao contrário do que pregam os nazistas, quanto maior o cruzamento entre as “raças”, mais forte se torna o organismo. Povos com pouca diversidade genética, como os índios, por exemplo, estão mais vulneráveis a doenças. Seja do ponto de vista moral, seja do ponto de vista científico, não há qualquer base racional para o nazismo. Talvez seja por isso que os defensores desta ideologia sejam compostos por psicopatas e sociopatas. Pessoas (se é que um nazista pode ser considerado um ser humano) com mentes doentias que devem ser retiradas do círculo social.

Mas como explicar a ocorrência de neonazistas brasileiros? Nós que somos um dos povos mais miscigenados do mundo? A resposta não é simples. Mas basta juntar ignorância, desinformação, a busca por uma identidade (característica própria dos jovens), pobreza, desestrutura familiar, drogas, sexualidade mal resolvida e internet (onde existem milhares de sites neonazistas) e pronto, fica fácil de nascer mais um skinhead. Outro fator que contribui para o crescimento deste tipo de pensamento são campanhas eleitorais como a que acabamos de presenciar, onde o ódio, a intolerância religiosa e o preconceito foram utilizados como a última esperança dos derrotados.

O apego e o fanatismo a alguma idéia ou crença é geralmente indício de pobreza mental e intelectual. Só o conhecimento pode acabar com o preconceito e a intolerância. Gente como estas, tão ocupadas e ofendidas com a sexualidade alheia estão inconscientemente querendo matar o homossexual que há dentro delas próprias. A sociedade não pode conviver com indivíduos e ideologias desta espécie. Não podemos permitir que tais pensamentos doentios contaminem nossos jovens. Nas escolas e lares os professores e pais devem estar atentos e bem informados a qualquer uso de suásticas ou alusão ao nome de Hitler. A praga nazista deve ser combatida e exterminada com educação, informação, trabalho social e muita repressão por parte da segurança pública.

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