quarta-feira, 22 de junho de 2011

João e Olívio: os imprescindíveis



Por: EVERTON PEREIRA
Em:Butiá Notícias (17-18/06/2011)

Semana passada dia 10 de junho, dois dos meus grandes mestres, cada um em sua área de atuação, comemoraram aniversário. João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, que nasceu em Juazeiro na Bahia e na segunda metade dos anos 50 inventou a bossa nova, completou oito décadas de existência. O outro grande homem que festejou aniversário na mesma data foi Olívio de Oliveira Dutra, nascido em Bossoroca aqui no Rio Grande do Sul, em 1941. João Gilberto é tido pelos grandes da música popular brasileira como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Edu Lobo e tantos outros (inclusive por mim, reles mortal que nem um violão sabe tocar) como o divisor de águas de nossa música. João ficou conhecido com seu toque de violão sincopado e sem paralelo em 1958 ao participar do LP de Elizeth Cardoso intitulado “Canção do Amor Demais”, composto por Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Logo depois lançou seu primeiro disco “Chega de Saudade” e desde então a chamada MPB se divide em antes e depois deste trabalho.

Já o setentão de Bossoroca, Olívio Dutra é formado em Letras e entrou no meio político através do Sindicato dos Bancários como servidor do Banrisul. Foi o primeiro prefeito petista de Porto Alegre. Quem não lembra do jingle “Olívio e Tarso, o primeiro passo”? Após Olívio, o PT ficou por 16 anos governando a capital gaúcha. Foi mesmo o primeiro passo. O bigodudo foi também o primeiro petista a governar o Rio Grande do Sul e também Ministro das Cidades no Governo Lula. Hoje é presidente de honra do Partido dos Trabalhadores do RS. Ao lado de Leonel Brizola que governou o estado entre 1959 e 1963, Olívio Dutra foi o melhor governador que o Rio Grande do Sul já teve. Pôs em prática, assim como Brizola, um programa de governo claramente de esquerda, democrático e popular, sem medo do enfrentamento da direita e da grande mídia (palavras que por aqui são quase sinônimos). Legou para os governos que o sucederam, os conceitos de participação popular e democracia participativa.

João e Olívio, dois imprescindíveis. Imprescindível são homens e mulheres indispensáveis, sem os quais as coisas não seriam como são. Lembro exatamente quando ouvi João Gilberto pela primeira vez. Cantava “Wave” de Tom Jobim na Rádio Ipanema. Eu era adolescente e desde então deixei de lado o heavy metal e as camisetas pretas e passei a ser um aficionado pela música brasileira, principalmente a bossa nova. A mistura da voz e do violão de João forma uma sinfonia completa. Que traz uma sensação de tranquilidade quase mística. Em relação a Olívio, qualquer palavra é pouca. É um exemplo a ser seguido. Um exemplo de ética, humildade e convicção. É a mensagem e o mensageiro unidos na mesma pessoa. Sou petista por que há no PT homens como Olívio Dutra. Continuarei petista enquanto homens como ele permanecer petista. Finalizo homenageando João e principalmente Olívio com uma citação de Brecht: “Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis”.

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