quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cpers: Entre as conquistas e os pelegos



Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (24-25/06/2011)

Na terça-feira, 28 de junho, um dos maiores sindicatos do Rio Grande do Sul, com 83 mil filiados, vai às urnas. O Cpers-Sindicato (Centro dos Professores do Rio Grande do Sul) vai definir seus representantes do núcleo central e dos núcleos locais e regionais. São três as chapas que disputam o comando da categoria. A Chapa 1, comandada por Rejane de Oliveira, atual presidente do sindicato. A Chapa 2, representada por Simone Goldschmidt, que faz oposição à atual direção do Cpers e a Chapa 3, de Luiz Afonso Medeiros.

Luiz Afonso Medeiros, da Chapa 3 é coordenador estadual do Movimento Educação Já, criado pelo senador Cristovam Buarque do PDT, partido ao qual a chapa é relacionada. Além de ser oposição a atual direção, Medeiros propõe o rompimento com a CUT, central sindical a que o Cpers é filiado. Tem o apoio do PMDB, PTB e PPS e é caracterizado pelo sindicalismo burocrático e assistencialista da Força Sindical. Possui poucas chances de vitória.

A disputa deve se polarizar entre as Chapas 1 e 2, ambas ligadas ao PT, mas com claras diferenças programáticas e de atuação. Rejane de Oliveira, atual presidente da entidade concorre a reeleição pela Chapa 1. Faz parte da Democracia Socialista, mesma tendência interna do PT a que pertencem os secretários de Educação, da Casa Civil e da Fazenda. Apesar de companheira de partido do governador Tarso Genro e do Secretário de Educação José Clóvis de Azevedo, Rejane tem provado total autonomia do Cpers frente ao Governo do Estado, indo inclusive para o enfrentamento direto. Ao seu lado está a ala mais combativa e coerente do sindicato, apoiada por grande parte do PT e pelo PSOL, PSTU e PSB.

A Chapa 2, que tem como candidata Simone Goldschimidt, é apoiada pela tendência interna petista Unidade da Luta e pelo PC do B. Simone tem um discurso mais moderado e de diálogo com o Piratini, sendo por isso, a candidata favorita do governador. Sua vitória pode representar uma aproximação e um adesismo muito grande do Cpers em relação ao Governo do Estado, fazendo com que a categoria perca a capacidade crítica, tornando a direção do sindicato um mero instrumento a serviço do governo, assinando embaixo de suas decisões - como nos velhos tempos do sindicalismo pelego de Vargas.

A manutenção de Rejane de Oliveira a frente do Cpers representa não só a garantia de independência da entidade, como também a coerência necessária para dialogar frente a frente com Tarso, inclusive apoiando medidas do governo que venham ao encontro do desejo dos trabalhadores em educação. Apesar de petista, Rejane têm claro o papel a ser desempenhado pelo Cpers e o erro estratégico que seria, inclusive para um governo de esquerda, a simples submissão do sindicato ao estado. Em outras palavras: o Governo Tarso precisa da força combativa de Rejane de Oliveira para pressioná-lo a realizar as conquistas necessárias e urgentes para os sempre esquecidos professores e funcionários da rede pública estadual. Sem pressão, não há transformação!

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