quarta-feira, 6 de julho de 2011

A crise grega: causas e efeitos




Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (01-02/07/2011)

A falência da Grécia e a submissão à política econômica do FMI, corresponde, em parte, ao resgate dos bancos europeus. A situação do Estado grego demonstra também a vulnerabilidade dos bancos americanos em relação a uma possível falência da zona do euro. Pode-se afirmar que a crise da dívida na Grécia e a consequente falência do país, corresponde, em parte, à falência dos bancos europeus. Só na França e na Alemanha, os bancos detêm cerca de 90 bilhões de dólares em dívida pública e privada grega. O Banco Central Europeu também detém dívida pública grega, e o medo é que o padrão de perdas na Grécia possa ameaçar toda a Europa. Os bancos dos norte-americanos também se encontram numa situação vulnerável. Se a Grécia entrar na bancarrota, um banco dos EUA que detenha CDS (“credit default swaps", derivados de crédito graças aos quais os bancos se seguram contra o risco dos seus devedores) sobre títulos de dívida grega, de um banco europeu, terá também de pagá-los. Os CDS são o tipo de derivativos que estão por detrás da implosão da American International Group e do efeito dominó que se seguiu no sistema financeiro global. A crise grega pode gerar uma nova crise internacional.

Quer sejam ou não os bancos americanos vulneráveis a esta crise, certo é que os derivativos financeiros se encontram ainda muito desregulados. As reformas financeiras que supostamente deveriam melhorar a transparência e reduzir a especulação que criaram a crise financeira internacional, ainda não foram implementadas. A incerteza é maior quando se considera que os CDS são apenas um tipo de derivados financeiros que ligam os bancos em todo o mundo.

A Grécia será ajudada enquanto os políticos acreditarem que a alternativa poderá ser o colapso de todo o sistema da zona euro. Na quarta-feira o Parlamento grego, contra a imensa maioria do povo grego, aprovou medidas de austeridade dolorosas que colocam o país de joelhos frente ao FMI (a exemplo da América Latina dos anos 90) e praticamente acabou com a soberania do país. No país onde nasceu a democracia, presenciamos o limite democrático da lógica do capitalismo financeiro internacional. A crise da dívida grega é um lembrete do quão pouco mudou realmente desde a explosão da última crise econômica e do quanto está ainda para ser feito para evitar que tudo volte a acontecer de novo. Por sorte dos brasileiros, graças as políticas anti-liberais e de fortalecimento do Estado perante a economia, tivemos, por aqui, por enquanto, somente marolas.

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