sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os negros e a ascensão social



Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícas (12-13/08/2001)

Segundo estudos divulgados esta semana pelo Governo Federal, a renda dos afrodescendentes (prefiro o termo afro-brasileiros, pois são brasileiros descendentes de africano, como os luso-brasileiro, ítalo-brasileiros, etc) triplicou nos últimos dez anos, principalmente na Região Sul do país. Em um país em que no mínimo quase a metade da população é afro-brasileira, nem um outro grupo social teve uma ascensão social tão nítida nos últimos anos. Embora a desigualdade racial ainda reflita a profunda desigualdade social existente no Brasil, na última década a renda dos negros aumentou no dobro da velocidade na comparação com a dos brancos.

Estes dados são resultados de uma série de políticas estatais que visam, desde o início do Governo Lula em 2002, diminuir a desigualdade racial e por consequencia, a desigualdade social brasileira. Ao invés de empurrar o problema para debaixo do tapete como historicamente aconteceu em nossa história, foi tomada uma decisão política de encará-lo de frente. O crescimento da renda da população afro-brasileira é atribuído principalmente a universalização da educação e as políticas sociais como o Bolsa Família, que atingem as classes menos favorecidas da sociedade, formadas em sua grande maioria por esta camada social.

As políticas afirmativas como as cotas nas universidades e a verdadeira revolução na educação brasileira proporcionado pelo Prouni, causou somente na Região Sul, uma migração de 1,32 milhões de pessoas para 3,3 milhões para a chamada classe “C” entre os anos de 1999 e 2009. Estamos longe de viver em uma democracia racial. Os negros ainda recebem os menores salários e ocupam os cargos hierarquicamente inferiores. São a imensa maioria nos presídios e nas periferias dos grandes centros urbanos. Mas com um olhar atento a este problema e despido de toda hipocrisia e de discursos rasos e pseudos “igualitários”, o país está avançando muito ns questões relacionadas as desigualdades raciais, que são no fundo desigualdades culturais, de fenótipo, históricas e é claro, sociais. Construir uma sociedade e um país onde a proporção de certos grupos étnicos na sociedade seja refletidos nos espaços de poder e de educação é o grande desafio para enfraquecermos a ideologia racista, que de maneira velada, ainda permanece entre nós.

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