quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A fé dos brasileiros


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (26-27/08/2011)

A Fundação Getúlio Vargas divulgou esta semana, um novo mapa das religiões no Brasil, construído com base na última pesquisa de orçamentos familiares do IBGE. Até a instauração do sistema republicano em 1889, a “certidão de nascimento” era a própria certidão de batismo, confundindo cidadania e nacionalidade com fé e crença religiosa. Com o fim do Império e o fim da oficialidade religiosa católica, aos poucos o laicismo foi se consolidando no Estado brasileiro, embora ainda persista algumas distorções, como a presença de símbolos religiosos em prédios e locais públicos, que de acordo com a lógica do Estado Laico, previsto na Constituição, não deve ter relação com nenhuma religião, para que possa justamente, estar aberto a todas elas, já que os impostos mantenedores do Estado, do poder público, é oriundo de contribuintes que professam os mais diferentes credos, ou mesmo nenhum.

A maioria dos brasileiros ainda é de católicos, mas a queda no número de seguidores é maior a cada ano. Em 2003, 74% dos brasileiros se declaravam católicos. Em 2009, o número caiu para 68,4%. A redução foi maior entre jovens e mulheres. O número de evangélicos subiu de 17,9% para 20,2%. Aumentou também o número de pessoas que afirmam não ter religião: de 5,1% para 6,7%. A pesquisa mostra, acima de tudo, que o Brasil é um país de diversidade religiosa e isso fica bem caracterizado nas capitais brasileiras. O Rio de Janeiro tem a maior proporção de espíritas. São Paulo concentra mais seguidores de religiões orientais. Porto Alegre e não a Bahia, como prega o senso comum, tem a maior proporção de praticantes de religiões afro-brasileiras. Vitória é a cidade mais evangélica entre as capitais. Teresina tem a maior proporção de católicos. E é em Boa Vista que há mais pessoas sem religião.

Uma das conclusões presentes no novo mapa religioso do país é que nos últimos vinte anos, as mudanças de religiões entre os brasileiros vêm sendo cada vez mais rápida. Antigamente as pessoas não mudavam tanto de religião e famílias inteiras tendiam a pertencer a uma única religião. Isso vem mudando com o passar do tempo. As pessoas não só sentem-se mais a vontade para pesquisar e “experimentar” o credo que mais se identifica como deixa os filhos livres para seguir o caminho espiritual que lhe convêm. A diversidade religiosa do povo brasileiro ao lado da diversidade cultural, étnica, política, esportiva, sexual e racial é sem dúvidas a maior riqueza deste país. Por isso, toda tentativa de domínio e hegemonia de qualquer grupo sobre outro deve ser combatido com veemência. Não há democracia sem diversidade e muito menos diversidade sem democracia. Praticar e vivenciar os ensinamentos de determinada tradição religiosa é algo que deve se limitar ao âmbito individual e ao grupo ao qual faz parte, jamais desejar que um dogma de determinada fé, seja compartilhado ou mesmo aceito pelo conjunto da sociedade.

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