sábado, 24 de setembro de 2011

SMAMA: conquistas e derrotas


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (23-24/09/2011)

Nestes quase três anos a frente da Secretaria Municipal de Agricultura e Proteção ao Meio Ambiente – SMAMA, aprendo uma nova lição a cada dia. Venho de uma área que não tem relação direta com os assuntos de incumbência da pasta. Como professor de História, procurei me aliar àqueles que ao longo do tempo acumularam conhecimento seja teórico ou prático para passar adiante e ensinar. A própria equipe da Secretaria me auxilia muito neste sentido além dos amigos da Emater onde alguns, inclusive, possuem mais tempo de casa do que eu de vida. Mas foi com aqueles que lidam com a terra, que produzem e vivem dela que mais aprendi. Quando fui nomeado Secretário de Agricultura e Proteção ao Meio Ambiente ainda pelo saudoso Sérgio Malta, o que trazia na bagagem era uma forte inclinação ambientalista, baseada numa convicção que carrego até hoje de que a preservação da natureza é conflituosa com as leis que regem o capitalismo. Na questão agrícola carregava o conhecimento teórico da história de nosso país, uma história construída com base no latifúndio, na acumulação de terra e no trabalho escravo, traços que até hoje, não foram ainda bem resolvidos apesar de todos os avanços. Me faltava a prática. Conhecer e identificar na própria realidade estes problemas conhecidos por meio de leituras e conversas. Hoje sei, mais do que nunca, a importância do conhecimento empírico, aquele que nos salta aos olhos na própria realidade cotidiana. O conhecimento que reforça ou refaz nossas teorias. No meu caso, mais reforçou do que refez - embora o aprendizado seja ininterrupto.

Um princípio básico que me norteia ideologicamente fez com que conseguíssemos atingir o sucesso hoje reconhecido por muitos. O princípio da democracia participativa. Ela como fase superior a atual democracia representativa. A participação do cidadão - dos produtores - na construção das políticas implementadas pela SMAMA através de uma gestão verdadeiramente participativa, me trouxe o conhecimento prático necessário para agir em conformidade com o povo, àquele que paga o meu salário e mantém a Secretaria que administro. Mais do que uma concepção teórica, uma forma de se construir uma sociedade igualitária e radicalmente democrática através da participação direta do cidadão, a Gestão Participativa possibilitou também construir o conhecimento prático que nos dá condições de agir e agir com eficácia - apesar das dificuldades e das críticas necessárias a evolução tanto pessoal quanto profissional e política. Diz um velho ditado chinês que não podemos deixar que as conquistas nos conquistem, e que as derrota nos derrotem.

Quanto as derrotas, graças ao diálogo e a transparência sempre presente em nossas ações, foram poucas. Mesmo a oposição política foi na maioria das vezes justa em suas críticas e embates. O pior, como diria Trotsky, vêm sempre dos camaradas de trincheira, pois deste não esperamos o golpe, nos pegam desprevenidos. Já as conquistas, não minhas, mas de nosso trabalho, construído a várias mãos, foram muitas e continuam sendo contabilizadas a cada dia, a cada novo projeto. Mas elas não nos conquistam, sabemos que o muito que já fizemos é pouco frente ao muito que ainda falta.

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