segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A falência dos partidos políticos


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (26-27/10/2012)

A cada nova eleição nos países europeus são feitas repetidas análises pelos mais renomados cientistas políticos do planeta e a conclusão é a mesma: os partidos políticos tal como foram criados no século 19 e permanecem até hoje estão entrando em colapso e andam cada vez mais em descompasso com a sociedade que deveriam representar. Segundo o sociólogo e professor da USP Francisco Oliveira a falência dos partidos e da falta de representatividade tem sua crise mais aguda na Europa e nos países desenvolvidos e vem se igualando em países em desenvolvimento como o Brasil.

A política institucional exercida nos círculos de poder de Estado, adotou em sua quase totalidade características pragmáticas e acríticas ao sistema capitalista e a globalização. Aliado a isto soma-se uma espécie de “patrimonialismo totalitário” onde o público é totalmente desvinculado e distanciado do cidadão. O poder passa a ser uma “Ilha da Fantasia” exercido por poucos e os cidadãos “anojados” dos jogos de interesses e da corrupção endêmica, preferem abster-se e distanciar voluntariamente do mundo político e tratar de sua vida particular ou então construir formas alternativas de intervenção social que não a institucional.

Parte da apatia vivida pelo eleitor é a falta de diferenciação entre as dezenas de siglas partidárias existentes, por exemplo, no Brasil. Temos um gigantesco centro político dominado pelo maior partido brasileiro que é o PT que ideologicamente pode ser considerado social-democrata e diversas outras siglas aglutinadas por fisiologismo devido a condição do PT de “dono do poder”. À esquerda temos partidos muito pequenos sem força eleitoral capaz de intervir e modificar a cena política como o PSOL e PSTU entre outros menores. E na oposição temos o DEM liberal que se diferencia ideologicamente do PT, mas é pequeno demais e o PSDB que apesar de semelhante ao PT, lhe faz oposição por questão puramente eleitoral e de jogo de poder.

Como vemos fica difícil para o eleitor entender para que tantos candidatos e partidos que em pouco ou quase nada se diferenciam. Que mais se parecem times de futebol ou equipe de gincana onde a única diferença são as cores – pois os programas em sua imensa maioria são ridículas cópias um dos outros que defendem a lei de mercado, a saúde, a educação, a segurança e o emprego. Neste contexto fica difícil aglutinar novas lideranças capazes de trazer novos ares para a política partidária. Em eleições onde candidatos chegam a usar cores que não a de seu partido para não deixar claro a que lado pertence, fica impossível falar de ideologia e de ideais, somente em sede pelo poder a qualquer custo. O que a história parece nos oferecer para o futuro, sobretudo com o advento de novas tecnologias da informações, são formas diferenciadas de intervenção e organização do cidadão frente a realidade que o cerca.

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