segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Kardecismo e a paz interior


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (02-03/11/20012)

Em Dia de Finados talvez nenhum credo nos remeta a refletir melhor sobre a morte do que o kardecismo, popularmente chamado de espiritismo. Para alguns é chamado de religião, para outros filosofia de vida e para alguns ainda de “ciência”. Creio que segundo as categorias sociológicas e antropológicas o mais correto seria uma religião de fato e diga-se de passagem, uma das maiores do Brasil. A relação do espiritismo com a morte está em sua própria essência ao lidar com as várias fases da vida na Terra, inclusive o desaparecimento do corpo físico, como algo extremamente natural. A própria morte seria apenas uma etapa e não um fim total como pode acreditar os ateus e materialistas. Sujeitos a eterna lei de ação e reação, o karma, todos estamos “pagando” pelo sofrimento que causamos ou “recebendo” os méritos pelo bem que semeamos, inclusive de uma vida para outra, pois os espíritas acreditam na reencarnação do espírito ou alma. Desta forma, apesar de se auto-intitular uma religião cristã, o espiritismo se diferencia substancialmente do cristianismo católico e protestante por mesclar conceitos orientais como o karma e a reencarnação e não fazendo de Deus a fonte de castigos e o Juiz do bem e do mal, mas do próprio homem e suas ações o construtor de seu destino. Assemelha-se desta forma ao Budismo e ao Hinduísmo que coloca o ser humano em posição de destaque na trajetória de sua própria vida – tanto para o bem como para o mal.

A corrente espírita mais difundida no mundo é o kardecismo, nome que tem origem em seu mentor o educador francês Allan Kardec nascido em 03 de outubro de 1804 e morto em 31 de março de 1864. Como fruto de seu próprio tempo, Kardec via nas descobertas científicas de sua época e no darwinismo um novo horizonte para explicações anteriormente engessadas com os dogmas católicos. Não só Kardec, mas todos os estudiosos da época inclusive os das ciências sociais sofreram forte influência da obra de Darwin. Marx, Hegel, e o positivista Auguste Comte todos eles conceberam modelos de sociedade que “evoluíam” rumo a um futuro melhor ou perfeito. Partindo desta lógica, podemos dizer que o espiritismo mescla conceitos cristãos, darwinistas ao se referir na evolução da alma, utiliza outros conceitos também comuns no meio científico da época e se aproxima bastante de certas religiões orientais como o Hinduísmo principalmente.

Assim nasce uma crença. Com conceitos, estudos e até intelectualismo. Mas o que faz ela resistir ao tempo vai além disso. É o resultado prático que ela causa na vida de seus seguidores. Seguidores que segundo dados do IBGE crescem cada vez mais no Brasil e fazem daqui um dos maiores países espíritas do mundo. Chico Xavier foi escolhido há pouco “o maior brasileiro de todos os tempos”. Consolo espiritual e psicológico e ao mesmo tempo responsabilidade por nossos atos é isso que se aprende numa casa espírita. Apesar da leitura de obras ser sempre bom para aumentar o conhecimento daquilo no que se acredita e para a fé não se tornar cega, a experiência fala por si mesma. A paz interior compartilhada pelos trabalhadores espirituais ajuda e fortalece na superação de nossas próprias limitações. Todo ser humanos busca uma religião à procura de consolo e para dar sentido para o que a princípio não tem. Buscamos uma crença também para nos tornar pessoas melhores para nós mesmos e para aqueles que nos amam. Para transcender esse mundo “tão pequeno”. Assim já afirma a Bíblia que a casa de meu Pai tem várias moradas e com certeza uma delas é o espiritismo. Que assim seja!

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