sábado, 6 de outubro de 2012

A proposta de uma eleição


Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (05-06/10/2012)

Uma eleição é a manifestação mais primitiva e substancial de um sistema democrático. Ao contrário do que o senso comum está acostumado a aceitar e “despejar” como o correto, a igualdade social, a erradicação do analfabetismo, o pleno emprego, o acesso irrestrito a saúde e a educação de qualidade, o fim da corrupção, o fim dos mais diversos tipos preconceitos e a construção de uma economia sustentável são prerrogativas mais complexas e necessárias para um efetivo sistema democrático. Pois não basta o direito de votar a cada quatro anos se estes direitos não forem respeitados e garantidos em leis. Se assim for, para quê servirá este direito? Para manter um sistema que se auto-alimenta e funciona em seu próprio benefício e de quem é beneficiado por ele e por sua burocracia. Por isso que devemos compreender que o próprio ato de votar, de escolher um representante é ele mesmo um ato incompleto, pois representa um processo inacabado do próprio sistema democrático. Falo aqui da democracia representativa, filha da revolução burguesa. Ela existe justamente para distanciar o povo do poder. Pois entre o povo, o dono de fato do Estado, há alguém que governa sob uma representação. Assim a democracia participativa, onde quanto maior for o número e as ferramentas de participação popular que o povo exerça para construir política pública em seu próprio benefício, mais se aproxima daquilo que buscamos como ideal e como utopia de governo.

Enquanto esses tempos não chegam, se é que chegarão, pois muitas são as forças contrárias e os interesses que eles contrariam. Nos foquemos no tempo presente, no aqui e no agora, no 07 de outubro onde elegeremos em todo o Brasil vereadores e prefeitos, nossos mais próximos mandatários políticos. Algo interessante da democracia representativa é a semelhança cultural, ideológica e social entre os representantes e os representados. Por isto talvez leve este nome. O que quero dizer é que acusamos invariavelmente o conjunto dos políticos de ladrões e corruptos, mas são raros os que não dizem que não aceitam algo em troca do voto. Hora, isto é uma relação de corrupção. É assim que ela se dá e é assim que ela começa. E é quando este mesmo político estiver com o poder nas mãos que ele continuará utilizando destas práticas. É uma tentação tanto para o político como para o eleitor ou cidadão não entrar no esquema, mas é assim que se dá o jogo e é neste domingo que se dará o resultado. Vi tanta coisa, soube de tanta coisa do lado de fora dos comícios e reuniões das campanhas deste ano que confesso que me sinto escrever para raros, mas raros também lêem... Que no mínimo aceitemos nosso lado humano e falho e não nos julgamos a nós e a nosso partido como algo acima do bem e do mal, pois nessa guerra não há mocinho e bandidos.


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