sexta-feira, 4 de junho de 2010

Aprendendo com a natureza...


Publicado no Butiá Notícias Edição 602 de 04 e 05 de junho de 2010

OS CARAMUJOS E O HOMEM


Mesmo não sendo um profissional das ciências biológicas, gosto de observar como a natureza se move. Um olhar leigo sobre o assunto talvez o deixe mais poético e contemplativo, assim como não saber tocar um instrumento torna a música algo “estranho” e distante e por isso mesmo fascinante. A ignorância às vezes é útil.

Assistindo um destes documentários que pouca gente vê, na TV Escola por volta da uma da manhã, tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o mundo dos caramujos. Sem exceções, uma das principais características das “leis da natureza” é a busca pela economia. E no “reino dos planorbídeos”, ou dos caramujos, não poderia ser diferente.

No extenso período de evolução da vida na Terra que já dura mais de 4 bilhões de anos, os caramujos, como tudo que existe eram originários da água. Quando os mares baixaram e surgiram os continentes, grandes partes das espécies de caramujos ficaram na terra. Mas trazendo em sua carga genética uma herança dos tempos oceânicos.

Necessitam de umidade constante como uma lembrança remota de quando viviam embaixo d’água. Por isso saem para alimentar-se a noite. O calor do sol resseca-os fazendo ter que queimar energia para manter a umidade. Durante o dia ficam “encaramujados” dentro de suas conchas mantendo o corpo umedecido com pouca luminosidade. Á noite, as plantas, muitas delas de nossos jardins floridos, são alvo de sua fome.

Há milhares de características destes e de outros animais que analisados a partir de seus microcosmos são fascinantes. Dando um ar de sacralidade e harmonia entre o mundo vivo. Mas falei dos caramujos pensando na economicidade que eles se habituaram para manter seus corpos o mais úmidos possível.

Quanto mais o tempo passa, mais nos distanciamos enquanto espécie da lógica do mundo natural. Ao contrário da natureza, nossa civilização é construída cada vez mais sob os pilares do consumo e do desperdício de energia. Se por um lado o tão sonhado desenvolvimento econômico melhora as condições materiais de vida das pessoas, ele literalmente consome cada vez mais o Planeta. Pensar com sustentabilidade é buscar um equilíbrio entre o desejo humano e as leis da vida.

A Terra tem cerca de 5 bilhões de anos, quase um terço da idade do universo. Habitamos o planeta a menos de um por cento de sua idade geológica. O Planeta não necessita de nossa existência para continuar a existir por mais alguns bilhões de anos. Pelo contrário, nós é que necessitamos dele para continuar a existirmos enquanto espécie. No mínimo o que temos que fazer é copiar sua sabedoria eterna presente também nos caramujos.

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