terça-feira, 13 de setembro de 2011

Carvão e desenvolvimento regional



Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (09-10/09/2011)

Mais uma vez o carvão mineral prova ser uma fonte não só de energia elétrica, mas também de aglutinação e de discussões apaixonadas em nossa região. A polêmica em torno da ampliação, manutenção ou mesmo exclusão desta fonte de energia dos leilões energéticos do Ministério de Minas e Energia causou mais uma vez posicionamentos dos mais diferentes setores da sociedade. A história se repete e basicamente pode-se dividir as visões em três: de um lado os defensores da fonte energética a qualquer custo, de outro os “ambientalistas” contrários e críticos do carvão como fonte de energia “suja” e por fim aqueles que baseiam seu posicionamento em questões pessoais como, por exemplo, trabalhar direta ou indiretamente em empresas ligadas a extração do carvão ou então os que se dizem lesados com o carvão por residirem próximo as áreas mineradas.

Acredito, como cidadão e Secretário Municipal de Agricultura e Proteção ao Meio Ambiente, que uma quarta via ou posição deve ser considerada neste debate. Uma via que considere as demais e faça uma espécie de resumo, síntese e análise mais crítica e profunda da problemática carvão. Uma problemática que vai muito além de si mesma e que passa necessariamente não por discussões, por horas apaixonadas e extremadas, do simplesmente contra ou a favor, mas que parta de uma questão essencial para entender a história da Região Carbonífera: a Economia de Monocultura.

Assim como na história econômica nacional que teve e têm sua base na monocultura, inicialmente com o pau-brasil, passando pela cana-de-açúcar, o café, diversos grãos e o minério de ferro, por aqui a coisa não foi diferente. A própria geografia do local levou o nome de sua principal monocultura: carbonífera, oriunda do carvão. Atualmente se considerarmos a região como um todo, perceberemos a permanência da economia de monocultura como característica principal. Carvão, madeira e fumo formam as três matrizes econômicas das quais dependem nossa região. A questão, no meu entendimento, não é usar discursos radicais ou sectários, cegos. Jargões do tipo “fora aquilo” ou “fim a isto” não nos levará a um debate produtivo e resolutivo. Devemos sim utilizarmo-nos de estratégias produtivas que se volte para a diversificação econômica e para isso, mesmo parecendo contraditório, a monocultura pode, temporariamente, ser uma grande aliada.

Falo da criação de um Fundo Regional de Desenvolvimento Econômico e Social que vise justamente através da riqueza acumulada com as monoculturas, fomentar o desenvolvimento de outras matrizes econômicas estratégicas como a pecuária e a agricultura familiar, a pequena e média empresa e também destinar recursos para a preservação ambiental. Com a socialização e investimento destes recursos oriundos do carvão, da madeira e do cultivo do fumo nestes setores, poderemos a médio e longo prazo ampliar nossa capacidade produtiva e diversificar nossa base econômica regional. Com um fundo desta natureza poderemos fazer do limão, uma limonada. Transformando nossas hoje monoculturas - que por sua própria essência colocam em risco a economia local como um todo em épocas de crise - em apenas mais um elo da economia regional. Não precisando desta forma serem excluída mas sim contribuir, ao lado de outras atividades, para nosso tão sonhado desenvolvimento sustentável.

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