terça-feira, 11 de outubro de 2011

Novamente o carvão

Por: EVERTON PEREIRA
Em: Butiá Notícias (07-08/10/2011)

Em seus 48 anos de emancipação, comemorados no domingo dia 09, a história política, social e econômica de Butiá está intrinsicamente ligada a mineração do carvão que teve ao longo do tempo, altos e baixos. Por ter sido e ainda continuar sendo, muito importante para a economia não só da cidade, mas da região como um todo, a questão do carvão e de sua utilização na matriz energética nacional, é um debate perene. Mas um debate que infelizmente escapa do discurso técnico e econômico e acaba por resvalar para o campo político, mais especificamente o político partidário ou político eleitoral.

Desde que me conheço por gente, ouço políticos quase sempre em vésperas de eleições, levantar recorrentemente a pauta do carvão: poucos com a coragem de se posicionar contrários, a maioria favorável. A cada eleição, ou véspera destas, é sempre o mesmo assunto e quase sempre oriundo das mesmas fontes e personagem: abertura da Jacuí I, funcionamento da Leão II, fechamento iminente da CRM de Minas do Leão, interdição da CGTEE de São Jerônimo e até o fechamento da Copelmi ou a ida desta para outros municípios da região. Neste emaranhado de interesses, fica difícil de enxergar o argumento técnico e as questões de viabilidade econômica com os discursos demagógicos de políticos que utilizam-se da questão para levantar bandeiras ou por fogo nas bandeiras alheias. Nada mais certo. É da natureza da democracia a defesa de ideias e a disputa por sua hegemonia. Nada contra muito menos ao carvão, que na minha visão, como já escrevi neste espaço, é uma “monocultura” importante para o acúmulo de capital necessário para a diversificação econômica da região. Mas me refiro aqui é a recorrente demagogia e terrorismo com que o tema é tratado por ditas lideranças que querem no fundo distorcer a verdade a seu favor, fazendo a população e os trabalhadores da cadeia produtiva carvoeira de massa de manobra para seus interesses e projetos políticos individuais.

Novamente o carvão entra em pauta. Novamente próximo ao ano eleitoral que se aproxima. Novamente o debate é feito mais no campo político demagógico do que no campo técnico e econômico. Quero aqui como membro do Partido dos Trabalhadores afirmar que não há posição fechada do partido em relação ao carvão - assim como em todos outros partidos. Temos democracia interna! Nem a presidente Dilma, nem o governador Tarso Genro, nem o prefeito Paulo Machado são contrários ao carvão. Se há, vez por outras, objeções, é porque elas partem de cabeças pensantes que consideram a viabilidade econômica, ambiental e técnica dos empreendimentos de mineração e das termoelétricas. Não podemos, por mera paixão ou interesses eleitorais, manter ativas estruturas que ao invés de queimar carvão, queimam o dinheiro público. Acima dos interesses de um grupo, deve estar o interesse coletivo. Disseminar a desinformação é prejudicial não só ao carvão, mas a região. Sabemos que se em casos específicos há realmente a possibilidade, por questões técnicas e econômicas de se acabar com algumas estruturas defasadas, no geral, o carvão não sofre nenhum risco. Basta ver a expansão da mineração de empresas como a Copelmi e suas terceirizadas, por exemplo. No fim dessa história, a situação do carvão pode até não melhorar como era a expectativa de muitos. Mas também não irá piorar. Irá permanecer como está e muitos, mais uma vez, dirão que salvaram o carvão.

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